Reduz-se ao papel o estalo de uma violência calada, usada, ousada em permitir que a fúria das palavras me levem para mais além.
Nada que me escorra se ecoa por mais agreste paisagem em que nada me compensa o grito vazio de ti. Sem nada que me apague da memória, na mesma que nem se lembra a história de a fazer mais alegre.
Serias tu, menina que chora, na sombra de um ombro que petrifica no olhar mais distante que os teus soluços. Sai-me assim, como o lenço de linho do bolso, aos poucos manchado pelas lágrimas que redobram ao compasso dos sinos.
Dizes-me, na tua lívida expressão procurando uma redenção.
- Vou-me embora, por agora que nada tenho para te dizer. Que a fome não te doa até que volte com as nuvens.
E respondo-te num gesto de recuo, enjeitado e escondendo a mão que te acena no adeus.
- Não vás...
- Porque o dizes assim?
- Porque sem que o tenha de dizer de outro modo, fazer-te mais, maior em beijo ardente, complacente do teu sorriso. Seria amar-te em cada respirar de vida oferecida, por cada dia que eu viva.
- Não posso. Não podes. Não podemos.
E partes como os outros que se foram esquecendo e ficando esquecidos. Deixando-me partido, aparte, quebrado no bramido mansinho de quem morre esvaído de algo que não se vê. Não posso, não podes, não queremos. Antes o luto que a luta.
Poderia um sentido ajudar-me nesta angústia. A letra tingida, segura na amargura da tinta, veneno desta soltura que me lembra os teus cabelos.
Ao ponto de fuga no retorno de um dia... um dia talvez quebre a jura de mim.
Um dia.
Nada que me escorra se ecoa por mais agreste paisagem em que nada me compensa o grito vazio de ti. Sem nada que me apague da memória, na mesma que nem se lembra a história de a fazer mais alegre.
Serias tu, menina que chora, na sombra de um ombro que petrifica no olhar mais distante que os teus soluços. Sai-me assim, como o lenço de linho do bolso, aos poucos manchado pelas lágrimas que redobram ao compasso dos sinos.
Dizes-me, na tua lívida expressão procurando uma redenção.
- Vou-me embora, por agora que nada tenho para te dizer. Que a fome não te doa até que volte com as nuvens.
E respondo-te num gesto de recuo, enjeitado e escondendo a mão que te acena no adeus.
- Não vás...
- Porque o dizes assim?
- Porque sem que o tenha de dizer de outro modo, fazer-te mais, maior em beijo ardente, complacente do teu sorriso. Seria amar-te em cada respirar de vida oferecida, por cada dia que eu viva.
- Não posso. Não podes. Não podemos.
E partes como os outros que se foram esquecendo e ficando esquecidos. Deixando-me partido, aparte, quebrado no bramido mansinho de quem morre esvaído de algo que não se vê. Não posso, não podes, não queremos. Antes o luto que a luta.
Poderia um sentido ajudar-me nesta angústia. A letra tingida, segura na amargura da tinta, veneno desta soltura que me lembra os teus cabelos.
Ao ponto de fuga no retorno de um dia... um dia talvez quebre a jura de mim.
Um dia.
imagem: http://lampadamervelha.photoblog.com
14 comentários:
A |im|possibilidade
de uma partida | como tantas| passadas| futuras|
marcadas| sulcadas|
em marés sucessivas de |dor|
tantas vezes assim...
repetida...
|dura|
Assim nos |construímos|...
numa beleza per|feita em imagem de palavras ditas |e| tantas vezes...não!
:)
|Amo-te|
"Quero deixar-te para poder voltar..." (Marco Neves)
um dia.
lâmpada acesa. iluminada.
beijo*
Amigo, queres-me explicar o "nada que me escorra"?
ou queres um lenço de papel?
;o)
Abraço
Um fantástico fds!
E quem são as Nuvens com quem ela diz que volta??
Um duo de suecas ninfomaníacas???
Seu sortudo!!!!
Para mim, oq que fica para um dia que não o presente, fica desde então para nunca...
Um beijinho.
Li e reli e reli e vou relendo e não me canso de te ler. Magnífico.
Um abraço
ir voltar
fazer
desfazer e também juras:
um dia destes: um
destes
dias?
beijO de atravessamento e
lamentação ~
ía ver as fotos, mas não deu...:)
Juramentos, promessas... São sempre difíceis de respeitar.
E fugir ao revés de lutar parece-nos muitas vezes o caminho mais fácil (é uma ilusão, mas parece).
Beijo
Grande texto, guarda o lenço de linho...
"E partes como os outros que se foram esquecendo e ficando esquecidos."
... ***MUAH***
Fosse agora e ela não iria embora, que não teria gasosa o fazer...
Abraço
gostei em reticências....
:)
_baci_
que homenagem tão linda Zezinho.
Beijinhos e desculpa estar tão ausente, mas o trabalho anda a engolir-me as horas vagas:/
Beijinhos
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