Despir, em boca de sede, querer morder o destino e redesenhar o traço da satisfação. Despir, da língua às palavras, do sentido ao contrário. Contrariar a vontade, refreando um pouco, só mais um pedaço de mim, em ti, e só de ti sair. Despir, na nudez da crueza do espírito, na rectidão do ir, sem se pensar na volta. Despir, como quem abre uma romã com os dedos, e dos ossos já nem saber a posição correcta. Despir, tomada de assalto, a pele de um arredio desejo.
Despir, rebeldia no corpo, sobre outro, num outro. Saber-se o desassossego mais esperto que a espera. Despir, a cabelo solto, colado ao rosto, nas rédeas das tuas mãos, dedos em freio. Despir, na saliva que se gasta e evapora, no jeito da demora, no gosto de quem se toma, ao adornar do lato enlevo, até ao curvar dos receios.
Despir, antes do toque, depois da lição, durante a atenção dada a cada gesto, sussurrar a intenção, roçando a evidência à desavergonhada condição de querer. Despir, de todo, quem sejas, se me és mais do que ser, é ter. Despir, como presságio das marcas deixadas por aí, como quem morde e diz não saber, como quem deixa solteira a saudade. Despir, de nada, porque despido sou.
11 comentários:
bolinha vermelha no canto superior direito. razão: nudez explícita.
e a saga. continua?
Despe e...segue...a saga :))*
Afinal, ainda és capaz de o fazer.
'Tu
Despes até a pele...
:)
Bé|jo
despido*
Gosto desse torvelhinho de emoções :-)
Beijo,Sofia
Humm... devaneios ao rubro! ;)
Beijo
Doce saga, hã?
Do melhor... :)
Beijinho
Quando a saudade é casada é melhor. Pesa menos as vestimentas. Aquelas.
Que puxam às salivas.
Nuas.
Uma aventura....a saga do despe...parece-me!
Alma despida, coraçao aberto a saga continua...
Apenas despir. Bonito.
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