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terça-feira, 19 de setembro de 2006

No Momento

Arranquei uma folha do caderno, para te contar algo, como se fosse um segredo.

Decidi dividir tudo em frases, sem pensar ao certo no que te vou dizer.

Talvez não passe daqui mesmo, porque me sinto meio estúpido e atrapalhado.

Nem sei mesmo como continuar, ou então, tudo não passa de um freio automático que tenho dentro de mim.

Até agora, sem dizer nada de especial, sem nunca ultrapassar as duas linhas por frase, consegui com certeza que me chamasses parvo.

E parvo continuo, porque imagino-te a sorrir. Eu e esta mania de ter um dedo que adivinha, certo?

Lembras-te das coisas que te faço no supermercado, ou quando te empurro contra o armário de metal?

Lembras-te quando me dizes, num suposto ar indignado, as pequenas mazelas que deixo em ti?

Pronto, eu calo-me. Sei que me rogas uma praga, sem ter dito ainda o que me trouxe aqui.

Acabo de beber o café. Coço as costas em jeito de malabarista. Tu que te atrevas a dizer que estou aqui a encher chouriços.

Dobro a folha conforme vou escrevendo, sem nunca desviar mais de um palmo, a cabeça do tampo da mesa.

Pois bem, e está uma excelente noite de Setembro. Sem nada dizer, sinto-te feliz. Apenas estou aqui, porque gosto.

É assim, não é?

E vou continuar por esta folha, que por sinal já vai a metade…

Até agora nada te disse, mas suspeitas do que te diria.

Poupas-me a não sei bem o quê. Deixas-me mais tempo para demonstrar como o sou…

Sim, é isso, parvo.

Espero roubar-te mais um sorriso, acho-o fantástico!

Sem pretensões a nada, apenas desta vez. Vou escrever mais quatro linhas, enquanto não chega a água tónica.

Seja esta a primeira, e digo-te que sou louco!

Estando na segunda, vou confessar que esse mesmo sorriso me dá vida.

Na terceira linha, apetecia-me derreter-te no meu peito, em banho Maria.

Na última, somente aqui neste papel, vou-te dizer que vou dar continuidade a tudo isto. Ser parvo? Não! Quer dizer, também… mas amar-te, hum?

5 comentários:

Anónimo disse...

Adoro esse teu jeito de dizer tudo como quem não diz nada.

P.S. És parvo sim!O meu parvo hihih

Anónimo disse...

há textos que nos deixam com a boca seca... x£#"Z#%@ª*!!!

;)*

A.

Anónimo disse...

disseste ali muito sim! e eu digo-te: toca a andar em frente! e sempre em frente.

Sìlvia Neves disse...

Felizmente ainda há quem escreva assim, aquilo que sente e aquilo que vive, de forma intensa.Que continue assim uma escrita bonita e o sentimento também.

Joker disse...

No tanto que disseste, fica o muito que escreveste e o TUDO que se sub-entende...

Gosto da tua forma subtil de escrever...

Sou fã...mas não sou parva, hum?