...

...

quarta-feira, 6 de dezembro de 2006

Por instinto

Levo no peito, cheio e completo
A voz que me deste, no pranto de cada sílaba
Torno a voltar-me contra a própria sombra
Vociferando como um velho senil
Sem sinal



Sem sinal de porto, seguro e de resguardo
Marcado, a milhas, em qualquer confim
Porto seguro, constante em mim
Parto confiante no que levo, no nome que me deste
Sem rota



Sem rota, traço no mapa, nem nas estrelas orientado
O laço, na união que tenho, no humano que tento ser
O trilho desvenda-se, a rota faz-se anunciar
No olho do instinto, no peso entre a espera e a procura
Farejo



Farejo o que se proporciona sob o sol escaldante
Suor, marca, suor, calor, suor, amor, suor, sorrir
No frio, submeto a pele ao estímulo do arrepio
Aqui... aqui... mais aqui, e aqui também
É bom


É bom arder, renascer, acalmar, revolver, acabar, morrer
Verbalizar em cada pedaço meu, uma parte de cada qual
Ser canto qualquer, no desconhecido, fora de rota que esteja
No silêncio a que a palavra me obriga, não menos calado o sou aqui
Em ti


Em ti, areia fina, pó em delicadas mãos de tocar
Despistar-me na tua bainha, linhas no retoque a tempo do decoro
Fingir impressionar os bons costumes, em gozo que somos
Transforma-se o dia num sorriso, é fácil viver quando...
Levo no peito...




imagem: Marco Neves

7 comentários:

Anónimo disse...

É o teu sorriso , que me embriaga a vida :)

Anónimo disse...

Ai Marco nao percebo hoje. Tantos opostos, antiteses e semelhantes!
Vê lá.. gostei muito mas quero que me surprendas novamente.

Anónimo disse...

a primeira fotografia agrada-me bastante. =D

hummm arder dói muito... mas às vezes é preciso, não é?

;)*

A.

Yukio disse...

Olá!
Gostei muito do teu espaço. óptimas fotografias..vou ler com mais atenção. abraço

Luís Galego disse...

"Levo no peito..." este poema...obrigado

Lady disse...

"O coração tem razões, que a própria razão desconhece"... é o que me ocorre... por instinto! ;) jinhos e inté...

Anónimo disse...

e em mim é tão difícil viver quando...Carrego no peito...












...é tanto o amor que por aqui vais levando M.
Bravo.