...

...

quinta-feira, 15 de junho de 2006

Assim, dentro de mim


Saio de casa, com a mesma pressa que tenho a despir-te. Suspiro, caminho, acendo um cigarro apressada. Vejo o meu reflexo no vidro do autocarro. Lembro-me da tua cara, já tenho saudades tuas meu sacana.


Apresso-me, corro, escorro pelas pedras da calçada. Lembro-me constantemente da forma como me excitas. Olho para aquela parede enquanto passo por ela, e tanto me apetecia que me encostasses com força. Agarra-me, explora-me.

Aqueço, ainda nem cheguei onde já deveria estar há horas. Assaltas-me, eu deixo que me invadas assim. Apetece-me, faz-me gemer novamente. Quero-te chamar nomes, pelo teu nome.

Encosto-me a um canto, imagino que a minha mão é a tua. Ohhh! Não acredito que o tenha feito aqui! Entre uma sombra e um recanto, lembro-me das tuas mãos, como sabes onde me tocar. Tiras-me do sério, deixas-me tão louca.

As horas passam por mim, assim como as luzes da cidade. É tarde, quase noite. Sinto-me cansada, fustigada pelo dia. Apetece-me chegar a casa quanto antes, ter-te à minha espera. Quero ser cabra contigo. Quero fazer-te pedir por mim. Pede… pede!! Peço que me peças.

Apetece-me saborear-te assim, toda a tua pele. Vincar-me toda em ti. Desejo dar-te banho, és o meu menino. Gosto de te sentir todo, tal como és, cru e nu. Agora apalpa-me, sem pudor. Esquece as palavras, ama-me só como tu sabes. Trato-te como um rei, faço do meu corpo a tua bandeja. Dá-me o que eu quero.

Dá-me agora que o dia passou. Quero-te despido, dá-me calor. As tuas mãos…

aqui…

e mais aqui…

e depois aqui…

Desliza, escorrega para dentro do meu íntimo. Bebo da tua água, com mais sede fico, de ti. Desarruma-me, desmancha-me em mil peças. Tens 15 minutos para me dar tudo, de uma só vez. Hoje sou a tua mulher, aquela que manda em ti.

Leva-me para a mesa…

Pede por mais…

Peço por mais, quero mais de ti. Sempre mais. Enche-me por completo.

Amanhece, acordo, corro, beijo-te e volto a correr para a rua, da mesma forma como quando te dispo. Volto a correr, a escorrer, esvaindo-me de prazer, enquanto ando na rua e penso em ti…

É assim que te sinto, dentro de mim.

2 comentários:

Anónimo disse...

primeiro sai de casa do mesmo modo que despe... então: sai devagar (despir devagar é que é sensual.. assim como nos filmes!), sai devagar que nunca mais lá chega. Depois tem 15 minutos para fazer tanta coisa. Finalmente sai a correr da mesma forma que quando despe.. (e eu a pensar que era a vestir à pressa.. moral: cheira-me aqui a pensamentos de uma rapidinha.

Mas isto sou eu que digo... E os dias são todos diferentes assim como o é a capacidade de discernimento do cérebro.

Anónimo disse...

Na ficção,tal como na realidade,a Vida é um ilimitado palco, onde cada um vive e representa as mais diversas e díspares personagens da paleta polícrome da sua incontida personalidade.
Como cada parte é um elemento do todo,assim cada pessoa é um pouco de cada outra,como todas são puras centelhas de UM TODO incontornável.
É a mais liminar dicotomia da vida:
todos diferentes,mas todos iguais; é a polaridade irresistível dos opostos;é a ilusão do individual perante a inevitabilidade do colectivo.
Bjs amigos para quem escreve e tmb para quem lê,deste canto bucólico e inspirador do Alentejo