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quarta-feira, 18 de maio de 2011

|as|severa

É cruel querer-te mais que nas palavras. Desejar-te mais viva no sangue, em todo o cerco à vida. Luz no meu corpo, ao querer-te assim, não chega apenas sonhar-te. O desejo é um brinquedo, perigosamente desprovido dessas, as palavras surdas ao ouvido. É cruel sentir-te tão fundo, tanto de mim esvaído por ti, na pele perfumada desse teu jeito tão... cruel.

É cruel fazer-te à distância de uma vida. Ou duas. A tua e a minha. É cruel saber-te. Desnudar-te. Decompor-te em cada linha das minhas mãos. É cruel tocar-te, e tanto que dói, sentir-te. Sem uma razão para sorrir, sofrer-te é bem melhor que outra condição. Condeno-te. Cruel é deitar-me no teu ventre, ouvir-te na voz de quem clama pelo silêncio.

E nada mais existe senão as tuas sedas, glosar aos teu lábios como são os meus. Um pequeno apontamento da dor, é colar-te a mim, de cada vez que me infliges mais esta dor. É cruel recordar-te, e sempre presente, dentro desta pele. Nas entranhas te sinto, ao arrepio de saber quando chegas e me tomas. De uma só vez. Crueldade de não me seres estranha. Não mais.

2 comentários:

Jack Merridew disse...

Naisse!

Primavera disse...

"...mas para mim a Severa,é o eco dos meus passos."


:)*