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sexta-feira, 25 de agosto de 2006

|M|acro |D|esintegração, |M|icro |A|dministração

Entra-se no esquema. Festas, eventos, longe ou perto, não importa. Vai a tribo, tribo das tribos, grupos e grupelhos, amigos de sempre ou de ocasião. Muitos ao inicio. Pouco a pouco, cada indivíduo entra na sua outra esfera.


É viciante. Não se consegue parar. De cada vez que o corpo é trespassado pela constante batida, o coração acelera mais um pouco. O corpo torce, contorce. Dá de si. A viagem ainda agora começou. Tenho vontade, muita vontade. Sorrindo de alegria, sem conseguir relaxar o corpo. Já sinto aquela sede mortal.

Confuso. Suado. Desnorteado. Desfocado. Dirijo-me para fora da grande tenda. Necessito de um pouco de água, de ar. Não sei, sinto uma certa aflição. De uma visão a milhares de cores, passo para o escuro total. Assusta-me. Não consigo mais estar aqui fora. Estou demasiado excitado para estar aqui, neste escuro.


Alguém aparece. Pega-me pela mão. Não reconheço. Vejo-a iluminada, assim como os anjos. Bombardeados por luz, gritamos, sorrimos. Aquele som que nos domina. Sinto-me nu, livre… vazio.



Saciamos a sede. Impedimos que a pica desapareça. Metemos mais um. Voltamos. Pisamos. Entramos novamente naquele tubo gigante. Deixo de ter corpo, deixo de ter mente. Já não ardo em calor. Muito menos sinto a dor que insistia em não me largar o peito. Tudo passa...


Fecho os olhos. Todo um Universo em meu redor. Esqueço-me… esqueço-me… esqueço-me… e deixo-me ir. Nestes momentos, nunca se quer voltar. Nunca se quer sair, nunca.

Já não me sinto, porque nem me quero sentir. Neste estado, latente, onde sinto e oiço as minhas veias. Pujantes. Potentes. Explosões de luz, dentro e fora de mim. Os cristais surtem efeito. A trip é boa. Para mim não existem outros, ninguém.



O tempo passa. Um vazio de pensamentos e palavras, há muito que se instalou na minha cabeça. Ao menos essa ainda está no mesmo lugar. Não consigo falar, nem construir uma frase que seja. É violento… muito violento. Tenho lapsos de memória. Os cantos da boca ressequidos. Os lábios mordidos.

O sol nasce, e tudo deixa de ser brilhante e fluorescente. A luz perde magia. Perco fôlego e vontade de continuar…

- Não, fica mais um pouco. Toma, experimenta este…



Happy… happy… happy… e volto a mergulhar na mesma doença. Agora a preto e branco. Sob o sol. O calor e cansaço. A cabeça que chega ao topo do mundo. Acabo por terra. Deixo-me levar.

O mais curioso de tudo. A estranha sensação de que se foi assaltado. Alguém nos levou o cérebro, enquanto andávamos por fora. Fica-se assim por tempo indeterminado. Nem as memórias valem, de tão vagas que são.



No momento… naquele momento, não se quer, não se deseja mais nada. Nem voltar… nem voltar.
Eu sei o que é lá estar... na Macro Desintegração, em Micro Administração

5 comentários:

Anónimo disse...

aterrorizante...

nunca lá estive ;)*

A.

Anónimo disse...

Espero que seja antes "eu sei o que foi lá estar"; que não tenha passado mesmo de uma exprimentação. Acredito que sim! Além disso não escreverias como escreves se tivesses o cerebro em papa. Eu já os vi sabes? Só que era tarde demais: estavam mesmo desintegrados e sem retorno. Não deixes Marco. Bjs

Anónimo disse...

Nao gostei deste texto e escusas de me perguntar porquê! Bjs

PS.: No entanto adorei a nova imagem do blog.

Anónimo disse...

O methylenedioxymethamphetamine antes de se tornar ilegal em 1985, foi usado por psiquiatras como uma ferramenta terapêutica.
Porque o MDAM liberta serotonina, elevando o humor e agindo como um antidepressivo, pode assumir grande importância na vida de algumas pessoas, e o seu uso tornar-se compulsivo.E aí... bem.. já se sabe como é que acaba ....

Rita P Faleiro disse...

Lampada: obrigada por esta experiência que me sugeriste no meu blog. Fabuloso!! Vive-se a energia que transmites de uma maneira... só tenho uma palavra: wow!

Parabéns!