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quarta-feira, 24 de novembro de 2010

assíncrono

Aqui se prende, aprende no presente
Na lábia sabida, sentida, nua língua
Comovendo o mundo por inteiro
Um pouco de nada complexo


E simples é chegar, abraçar o sorriso
Pintar a cegueira, certa de sonhos
Revolver-te em águas, tuas lágrimas
E, ainda turvo, tragar-te


Arrancar-me de securas e demoras
Da pele ardida, deposto à desforra
No teu sopro a final de tarde
Ainda sinto, odor não esquecido


Falam os dedos por mim, a ti
Entre meandros de ardil frescura
Nervurada astúcia, nervosa espera
Pelo sonho ser ensejo à tua luz

Aqui se aprende, presente pendente
Na sábia contenda, contida, maldita
Corroendo a singularidade, a pessoa
Um tanto esguia, pouco ou nada sombria

E difícil é partir, largar tristezas
Apagar quem vê, este que não dorme
Sedimentar-te, meu bruto diamante
E tão clarividente, cuspir-te

Colar-me de efémeros encharques
Dos ossos contidos, ganhos a soldo
No silvar a madrugada ainda criança
Nada te toco, e a custo me troco

Calam-se os olhos, de ouvido à espreita
Em todo o espaço a que me destino
Destilo demoras e, matreiro, sorrir
Pelas horas, não me dar ao escuro

Terracota em coração de ferro
Moldável concreto, a tez da distância
Corre-me o horizonte nas veias
Tão perto do céu, assim longe de mim

9 comentários:

A Minha Essência disse...

Não importa a distância... mas sim o que fica connosco de concreto!

Beijo

A Loira disse...

... assim longe de mim.

MissBlueBuble disse...

Síncrono de sentimentos. Muito bom :)

A Merceeira disse...

..e do longe se faz perto :)*

Anónimo disse...

gostei da forma como o primeiro e o último verso se conjugam tão bem.

Aqui se prende, aprende no presente
Tão perto do céu, assim longe de mim

e definitivamente... no meio (entre o primeiro e o último verso) está a virtude.

=)

Autora de Sonhos disse...

Post com muitas asas!

Bé David disse...

Quando o longe...
é um estado de alma...

:)

Bé|jo

http://be-david.blogspot.com/

Sofia disse...

Caramba...importas-te?! É que fico de queixo caído perante as tuas palavras!
Beijo de boa semana, Sofia

Lua Nova disse...

Estar longe.. ou "ser" longe? A distância física é a mais fácil de vencer... a outra, a da alma, é escolha, é doença, é solidão crônica.
É estar sempre por um fio...
Complexo poema, introspectivo.
Beijokas.