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sábado, 6 de fevereiro de 2010

e m p a t i a

Encerra-se em medos
gotejantes, desmedidos pavores
que ao coração sabe a farpas
mágoas revoltosas, revoltantes


e dá-se a volta completa
no sentido errado
inerte de qualquer sentimento
despido, de mãos vazias


atormenta-me o medo do nada
não de vazios, de ocos momentos
ou partituras em branco


porque já lá estive, no outro lado
ali, mais além da luz
mais para além de quem sou
do que me toma e me embala


assim...

em pleno rosto das noites escuras
destes velórios... de nada


sou corpo presente, nesta pele que me agrada
que agarra, descola e volta a colar
pegando, insinuando a repetição
a uma compleição escusada


assim...

em pleno rosto das coisas sombrias
destes escombros... de nada


sou um todo amante
um pouco ou nada presente
um vigoroso errante
de parcos costumes comuns


encosta o frio solfejo do teu nome
reencarnam gélidos, antigos pesadelos


assim...

bem devagar em mim
devagar... mais para o fundo
terno gume lancinante
debruado a dourada mudez


nudez crua de me sentir novo
de novo

10 comentários:

Primavera disse...

Bendita essa capacidade de te reinventares!

Beijo

Matilde Quintela disse...

Infelizmente o sentimento persegue-me ! Mas um dia eu vou enganá-lo e tocar-lhe as voltas.
O teu poema é sublime!

Estranha pessoa esta disse...

E são essas voltas completas de sentidos errados que fazem sentido, mas que dizem que não.
........
o [in]comum é fodido.
...........................




Porra.

Estranha pessoa esta disse...

E são essas voltas completas de sentidos errados que fazem sentido, mas que dizem que não.
........
o [in]comum é fodido.
...........................




Porra.

Bé David disse...

Voltaste às palavras...

que bom! Mesmo que aínda não as sintas como tuas, és tu..

de novo!

BE|m ha|j|as*

farfalla disse...

esses nadas reticentes que nos tremem no peito e rebentam nos dedos...


que saudades eu tinha!

_Baci_

pegueitrinquei disse...

é tão, tão bom ler-te!*

Maria Brito disse...

Não querias demasiado a luz. O branco. Ofusca-nos. Cega. âs vezes é melhor vivermos na imprecisão da sombra, onde os olhos cegos aprendem a sentir.

Polly disse...

Muito obrigada.
Deixo desde já os parabéns, fiquei cativada por este poema.
Esta muito lírico e, já agora, os pesadelos reencarnam sempre com uma finalidade, ainda que ela seja a pura aprendizagem através do sofrimento, porque, mesmo do mal, trazemos sempre alguma coisa positiva!

Dark angel disse...

Até dentro da plenitude existe um abismo...! Sei, porque já fui essa plenitude e esse abismo...