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sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

A|b|negação

Não escrevo, nem canto
um encanto, verso liso de pranto
Não escondo, nem mostro
a voz que trago nos olhos

Não abraço, nem morro
em campa rasa, com a minha graça
Não escolho, nem encomendo
prato limpo, alimento que falta

Não nado, nem embato
escondidos escolhos, pedras que vi
Não seco, nem molho
sem saliva minha, sem sabor de ti

Não começo, nem acabo
julgando ser, onde já não sou
Não fui, nem sei se vou
ou sou o que seria, em ser que está

Não estou, nem vou
acabar no fim, sem haver começado
Não sei, nem bebo
sem gosto de não saber, sabendo que sou

Não remendo, nem rompo
a bolha em que vivo, a mesma que prende
Não recomeço, nem inverto
a investida contra o tempo

Não acedo, nem recomendo
à invicta causa, de pensar saber
Não transbordo, nem entorno
vinho de transtorno, bebedeira de mim

Já não risco, nem contorno
linhas que segui, em torto que sou
Já não quero, nem quero jamais
deixar de ser quem sou, sendo o que fui




5 comentários:

Anónimo disse...

smaK!.smaK!.smaK!..
uma delicia! és mesmo um iluminado, inda bem que andas por aqui.( curto-te bué man!)

Isabel disse...

Não escrevo, nem canto
Não escondo nem saberia como mostrar o quanto gostei do que li.

Muito__________________________
Tanto__________________________
Tanto que talvez demais_________________________

É muito... muito... muito... espero que o saibas!

Estou... assim...cheia!

Tanto, tanto!

Obrigada.

Isabel

Anónimo disse...

..mas riscas o céu para mim :)

Anónimo disse...

é melhor assim... mas cuidado com os espelhos... eles podem enganar, por vezes ;)

Anónimo disse...

dói-me o infinitamente razoável a que nada me proponho.
abstenho-me de saber quem fui, sabendo que nunca me virei p´ra trás.
pois já não me revejo em poesia,nem desperto madrugadas,
simplesmente existo de braços abertos.