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quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

|p|o|l|a|r|

Desce das estrelas e diz-me como devo respirar-te em alegria constante. Esse teu sabor enrolado em papel rebuçado que trazes em pergaminho de ouro, tesouro de fim de Inverno. Floresce, cresce dentro e germina para fora.

Vem cá abaixo e mostra-me como se traçam as linhas mais que imaginárias, com este giz de desejo que tenho nos dedos, almejando reescrever-me todo por ti.

Desce mais um pouco, colocando os teus joelhos nas minhas costas. Apara-me, sustém-me a respiração que exalta a noite, porque sentir-te é expelir todo o momento num trejeito de tanto olhar para cima.

Trazes fuligem na pele, cisco da paixão combustiva. Vem, desce à terra que sou, enriquece os meus silêncios com as tuas frias águas de prata. Dispersa por mim o encanto da noite, sendo a alma um peso menor ao alcance da eternidade.

Retorna à linha que nos une ao horizonte, pois a distância é apenas a maior extensão da conquista. Movimenta-te em sentido descendente, acrescendo o semblante, o teu rosto de constelação.

Aproxima-te, vem só mais um pouco para dentro de mim. Preenche-me a volúpia da carne, a fruta madura, do sumo em que te torno quando te aperto. Aguardo-me sem reservas nem ansiosas pressas, muito menos famintos desejos me enfraquecem os músculos.

Amor, meu amor, ar quente dentro de um sonho, resguardo de forro precioso. Fina casta de sabor a força, menina bonita em tão alto céu. Desce até me olhares de frente, no exacto ponto em que te desejo, em mim. Escorre pelas letras que te ofereço, descai pelo teu ombro o verbo tornado acção na palavra digna de respirar. Doce aroma silvestre, disposto no arisco e arredio dorso desnudado de preconceitos.

Cai sobre mim, infindável crepúsculo de manto arabesco na tua trama de menina fábula. Torna-se a cadência das palavras em vagas inusitadas, escondidas na névoa que se instala aos poucos, visitando a humidade todos os poros que te respiram. É teu o timbrado solfejo na melodia tangente dos lábios, deleitosas ondulações circundantes, circulantes, sitiantes.

Designado o gesto nómada da vontade de nunca parar numa só estrela, talvez me disperse até ao mar, dissipando o etéreo gosto por ti em qualquer mar bem-aventurado. Escrever-te é dedicar-me à luz, à melodia desvendada na tua língua, nestas nossas peles coladas, como as sombras vibrantes de vida.

As mãos criam-se em corações que querem, transportam-se os sentidos até à flor do teu pólen. Impregna-me mais com esse unguento de safras murmuradas a sós. Regressa à origem, descendo por todo quem sou, onde o céu começa e o meu rosto termina, por onde a maré avança e o mundo finda. Aqui, dentro de mim.

18 comentários:

calminha disse...

Muito bem escrito , transparece o lado romantico...abraço

farfalla disse...

adorei... derreti confesso... que musa tens :)

_baci_

Jo disse...

o Amor é lindo (mesmo que não saiba o que é o Amor)
:)
beijo*

Bé David disse...

Porque n�o h� palavras...como as tuas...
Apenas sentir � poss�vel...

E...tu �s!


( tudo...)

http://be-david.blogspot.com/

ContorNUS disse...

sinto as palavras enlearem-se na pele...intensas de sentir

R. disse...

Bem...um dos que mais gostei até hoje.talvez por ser uma louca de amor :)
É preciso sentir para escrever assim.um grande beijo

Lord of Erewhon disse...

Excelente, de grande finura e elegância!

Abraço!
P. S. Não entres nessa de joelhos nas costas... essa merda pode dar dores... :)

Dark-me disse...

Aí, dentro de ti está um amor sem igual!!

Dark kiss

Sorrisos em Alta disse...

Hmmmmmm... o dia inspirou-te!

Très bien!

un dress disse...

amor meu morto

amor meu trago-te

aqui revolto

à tona da tarde

aqui te trago preso de palavras

aqui tornado aqui náufrago

tão de nós aqui sempre

sempre

sempre

nos dentes

vivo

tão nu

tão des esperado


...


.


.



[ comment deixado por luci em un dress...





.beijO

Post-It disse...

Tu também és...das estrelas, rapaz!
Gostei.
:))

Simone disse...

Há por aí uma melancia a mais? :-)Não? Que pena, mas em compensação, que Lindas palavras as que aqui encontrei!

Beijos

Lady disse...

As estrelas tb embriagam... Gostei...
Jinhos e boa semana.

Sorrisos em Alta disse...

E nãoi fazias melhor à humanidade se escrevesses AQUI em vez de andares a perder-te em blogs degradantes??? (sim, confesso, no meu...)
:o)

Sorrisos em Alta disse...

My friend,

Tens um prémio...hmmmmm.... "diferente" no meu blog!
Vai lá recebê-lo. Ou então não....
;o)

Abraço

TIAGO ENES disse...

Bom texto!

Post muito interessante!

Gostei muito do teu blog!

Parabéns continue assim!

Tenha um ótimo final de semana!

Sorrisos em Alta disse...

Venho aqui só fazer uma vénia pelo poema post(o) no prémio!

Um abraço
E um fantástico fim-de-semana

Eme disse...

Não fazia ideia de que era possível transformar o verbo assim, numa carícia, numa massagem, mas da alma!