Em boa carta te envio este pesar sem olhar para trás. Descortinado em tantos nenhures da alma, presa apenas a um aquém da saudade que se estende a uma chaga de lágrimas. Meu filho, repito-te, meu filho de legítimas virtudes, fonte de tão saciadas bocas para quem não eras apenas um inocente e incólume ser. Os incrédulos sorrisos batiam asas ainda antes do anoitecer, ao crepúsculo das palavras que segredavas entre essas paredes, tornavas-te cada vez mais aço, mais forja e lúgubre poço sem fundo.
Sou tua mãe em sentimento feroz do silêncio que carrego, pesando-me nos ombros a sobranceira vontade de quereres partir. Pari-te em tantas dores, guardei-te em tantas esmolas e frios. Fiz-te homem de sabores imensos, tão intensos e sem saberes quem eras na verdade. Pequei pelo abandono à arte de te deixar no fel, às lonjuras que vivias nas minhas complacentes carícias. Aprendeste a lidar, não querendo mas consumias o mal. Em tão inversa palavra me dizias, e em tão viciante mal me olhavas. Era eu a mãe de todos os horrores, o teu grito pelas grilhetas na maior das vontades, a tua.
Das tuas primas nefastas com que a tua alma se deitava, deixavas o corpo num canto ao acaso, sem memórias maiores de alguma noite mais digna que um trémulo brilho de candeias. Suspiravas. Aspiravas a mais, como um guerreiro que não teme a derrota, nem a morte ser vista assim. Dizias-te perene, sem vacilar, e no entanto, a tua arena era o meu ventre. Tão meu menino, tão basáltico este orgulho de te ver na espiral do meu abraço.
Sinto-te cheio de um sangue que já nem reconheço a cor, nem cheiro o pesar que te ensinei a ter. Vejo-te num espectro que me cega em pungente saudade por já não estares, por já não seres quem eras. Fazes de mim uma sobra, um resto de trapo sujo, condenada a ressequir-me à luz dos teus olhos. Não me orgulho por completo, preferia o teu coração negro, aliado à tormenta de não te encontrares.
Nem a sombra das tuas memórias te trazem de volta. As tuas legítimas esperanças afastam qualquer ensaio de um luto que não te caiba. A servidão a que se estendia o teu sentir, tão inebriante que até eu me tornava tua amante. Oh, como me eras tão mal... a melhor das promessas para disseminar a semente de um império. Tão mal que me eras, tão bem que te curas.
Hoje sou eu que me provo, e tu já nada me és.
Sou tua mãe em sentimento feroz do silêncio que carrego, pesando-me nos ombros a sobranceira vontade de quereres partir. Pari-te em tantas dores, guardei-te em tantas esmolas e frios. Fiz-te homem de sabores imensos, tão intensos e sem saberes quem eras na verdade. Pequei pelo abandono à arte de te deixar no fel, às lonjuras que vivias nas minhas complacentes carícias. Aprendeste a lidar, não querendo mas consumias o mal. Em tão inversa palavra me dizias, e em tão viciante mal me olhavas. Era eu a mãe de todos os horrores, o teu grito pelas grilhetas na maior das vontades, a tua.
Das tuas primas nefastas com que a tua alma se deitava, deixavas o corpo num canto ao acaso, sem memórias maiores de alguma noite mais digna que um trémulo brilho de candeias. Suspiravas. Aspiravas a mais, como um guerreiro que não teme a derrota, nem a morte ser vista assim. Dizias-te perene, sem vacilar, e no entanto, a tua arena era o meu ventre. Tão meu menino, tão basáltico este orgulho de te ver na espiral do meu abraço.
Sinto-te cheio de um sangue que já nem reconheço a cor, nem cheiro o pesar que te ensinei a ter. Vejo-te num espectro que me cega em pungente saudade por já não estares, por já não seres quem eras. Fazes de mim uma sobra, um resto de trapo sujo, condenada a ressequir-me à luz dos teus olhos. Não me orgulho por completo, preferia o teu coração negro, aliado à tormenta de não te encontrares.
Nem a sombra das tuas memórias te trazem de volta. As tuas legítimas esperanças afastam qualquer ensaio de um luto que não te caiba. A servidão a que se estendia o teu sentir, tão inebriante que até eu me tornava tua amante. Oh, como me eras tão mal... a melhor das promessas para disseminar a semente de um império. Tão mal que me eras, tão bem que te curas.
Hoje sou eu que me provo, e tu já nada me és.