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quinta-feira, 25 de janeiro de 2007

Nada!



Páginas e páginas a fio
Sem ter rumo nem oriente
Incide a fraude em que me sinto
Na opulência de me sentir em nada
Que nada foi para além de não ser

Em nada
Por nada…
Nada!

Nada estou, nada fico
Que nada rendido, mas então…
Tão perto do fim, tão longe de começar
Sonho eu em final de noite
Logo hoje que não me sinto

De nada
Sem nada…
Nada!

É como filme quando termina a fita
Em branco nada, de tudo possível
E agora que nem querer nada desejo
Abraço o mundo e em nada fico
Porque amanhã, nada será como hoje

Nada
Nada…
Nada!




imagem: Marco Neves

quarta-feira, 24 de janeiro de 2007

|A|condiciona|do|

Pensa bem no que me vais dizer a seguir, o meu estado não poderia ser mais desconcertante. É sabido que a minha maior frustração é não conseguir seguir o rumo próprio do meu mundo.

Não sei, não entendo, nem qual o objectivo. O caminho é estranho, e tu, nessas pesadas palavras em que te transformas, em nada contribuis para a resolução.

Quero fazer as coisas à minha maneira. Não me condiciono à minha experiência de vida mostrar-me que sempre foi exemplar em erros. Desejarias tu remediar-me, o que em póstumo saber, pensava eu ser correcto. O sentimento que me toma, delineado em cada fio que o forma, sem misericórdia.

Não vou estar à espera que me digas o que devo dizer, por onde devo seguir. Há sempre um factor que me faz quebrar o próximo passo. Obriga-me. Essa é a tua responsabilidade.

Em realização pessoal, formo-me a cada momento, neste defeito que nasceu comigo. Descomplexa-me, faz de mim um homem. O desejo de o ser é tão maior que qualquer integração que se faça no saber existir.

Porquê?

Não sei. Sinto-o. Sinto-me a querer avançar, por esta linha, nesta picada em selva cerrada. Bendita seja a cegueira do desconhecido. Com receios, medos e monstros, contrario o valor vil de falhar.

Faz-me ser, fazer, continuar em altivo modo de estar. Necessidade nada supérflua em vivermos um no outro. Tenho uma partilha colada ao rosto que se esconde além espelho. A sensação cortante no raciocínio faz-me ter vontade de me reconfigurar. Deixar-me ao vazio dos vales que abro com o meu olhar. Perder tantas partes de mim, arrancadas e deixadas pelo caminho.

Sou livre apenas num sentido. Agressivo, porque tomo o mundo em medicina exaltada. Tomo mais uma droga, comum, fantástica, gasta, sem receita médica, sem sabor nem alegria.

Paro de escrever, sem saber que receio morrer neste exacto momento. Sem conseguir ver-te, sentir ou talvez tocar. Não tenho mãos que me segurem, e dedos gastos de esperar. Deste tempo que passou, e mais o que me espera lá fora, na rua, naquele alcatrão húmido de tanto suspiro. Há calor que me falta, o teu.

segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

Sem nome que aparente

Saía de casa logo pela manhã, como em todos os dias da sua existência. Ondulante, em tom condizente com o sol de Inverno. Cativava qualquer sentido por onde passava. Exuberante, o seu perfume era uma delícia, manjar em corpo proibitivo.

Cabelos silvestres, pequenas tranças que na tempestade manietavam qualquer tentativa de movimento contrário. Tudo para si, sempre em seu sentido. O pecado em carne, como giz em ardósia rugosa, em tão pouco me gastava.

Abordava-me a alma, erguendo a sua bandeira de corsária. Rendia-me, porque era esse o meu papel. Era o fascínio por toda aquela estranheza, que se entranha, que emana e se consome. As suas curtas palavras, tão longas em saborear, gritava-me no seu sussurro:

- Q u e r o... s a b e r – t e... m e l h o r...

Confuso, sem escala nem norte, deixava ao acaso qualquer tipo de pensamento reactivo. No saber ou na sapiência, estava ali. Perante os meus olhos, à luz do calor da fricção, qualquer fusão que se conjugasse no momento, seria unicamente um ponto em cada um de nós.

Todo o seu género, feminino, envolto na chama que se esconde entre matinal nevoeiro. Perigava a própria narração que ousava fazer. Deturpado, por aquela frase me ter dissolvido, segui por caminhos que me eram novos.

Consciente da inconsciência que era segui-la. Peão persegue rainha, rainha come peão, pensava eu. A derrota era apenas um pormenor menos importante. Relativo, condicionante à minha visão, assim como a curvatura a que todo o meu ser estava sujeito.

Queria voltar, correr, cair na terra solta. Cuspia, em pensamentos vagos, hipóteses de um nome possível. Não era mais que uma presença. Casual, sem dor nem pudor. Ficaria grata se lhe tivesse oferecido a minha mão, em recompensa talvez de um pouco de calor.

Toda ela vivia em cada lugar. Toda ela tocava em cada dedo disperso pelo mundo. Toda ela não era mais que inexistência. Absoluta, gradualmente tornava-se em nada.

O dia é curto, a vida menor que um dia. Estar aqui pouco ou nada significa. Eu via-a sair de casa. Somente eu a via. Guardava todo um tesouro, em sentido especial.

Por vezes apetece-me tanto, mas tanto… chorar em amargura displicente e histérica. Por vezes queria tanto dissolver o meu corpo, na acidez que me corrói por dentro. Por vezes desejava não a ter visto, nem num único grito seu em sussurro, aquele seu…

- Q u e r o... s a b e r - t e... m e l h o r...


Por vezes, que é todo o sempre, reformulo parte da minha vida, sem saber ao certo o que fazer. O sempre que nada é, sem vento no rosto que lhe secasse a lágrima. Revia-me nela, porque também eu queria saber-me melhor.

A disciplina da aprendizagem, em paladar que não possuo. Aprendi com ela, em todas as horas, minutos que foram, que fizeram da transparência um vidro opaco. A fronteira entre dois mundos, a barreira que eu próprio sou.

Porque sofro, sem haver uma pausa, cansando-me de não me cansar. Rendo-me à cativante revolta.

Já não sai de casa pela manhã, nem casa existe. As ruas despiram-se em morte, sem anúncio prévio. As pedras segredam o seu nome, em todos os caminhos que percorria. Em todos os dias que as piso, sigo trajectos antigos. Não desisto de me perguntar…

- Qual o meu sabor no saber?

De momento, no único que me é proporcionado saber e saborear, perdi-me.

Perdi-a.

sábado, 20 de janeiro de 2007

|Eles| São...

F r e d & G i n g e r

imagem: Marco Neves

quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

|É| Gostar

Privei-me desta pausa por algum tempo. Nem me lembrava ao que me sabia o sereno que é aqui estar. Aqui somente, sem nada mais.

Escapei, tornei-me fugitivo. Poderia ser um pouco mais ousado. Apesar de todos os defeitos associados à minha acção, fora os outros que fazem parte da mesma, tenho de admitir que me sabe bem aqui estar. É pena não ter um cinzeiro por perto.



Apago o cigarro no chão. Inspiro… inspiro mais um pouco. Insisto. Descanso esta cabeça, de mim, dos outros que eu sou, sem esquecer mais aqueles que também em mim se escondem.


O mundo não pára. Esta chuva não me deixa ir a qualquer lado. Não me impede de nada, mas uso-a como responsável pela minha inércia.

Para não variar, a noite já demasiado estendida, para além das horas aceitáveis. Uma leve dor de cabeça devido ao cansaço, o amor incondicional pela insónia que se quer ter.



Sabes, eu gosto de ti. Sim, gosto de ti. Insisto em dizê-lo, gosto de ti. Agora que me invades o pensamento, nada mais me ocorre em dizer a não ser que gosto mesmo de ti. Gosto sim. Repetitivo? Ora, eu sou mesmo de me repetir vezes sem conta.


Continuo a gostar de ti. Não quero entrar em frases muito complexas e encharcadas de lirismo. Mesmo que tenha um perfume barato, gosto de ti. Que deixe crescer o cabelo ou que o corte amanhã, gosto de ti na mesma. O mundo não muda por gostar de ti, nem eu. Gosto sim, sem parar de o fazer, tal como o berlinde azul.



Apreciar-te, saborear-te, aprendendo a degustar cada parte tua. Transformei-a em mim, no que também sou. Olhei-te como hoje ainda o faço. Gosto de mim, por vezes até demais. Tudo porque me olhas assim, porque me sentes. Mas vou gostar mais, e mais, e muito mais de ti, de cada vez que te amar num sorriso.


Façamos uma confissão a dois. A troca de linhas, a mistura de cores. Gosto de ti, do teu amargor. Gosto de te lamber as feridas, de te segurar a chama nas minhas mãos. Apagar as luzes e reconfortar-te no silêncio da tua pausa. Gosto da tua imperfeita pessoa, vincada e única. Guardo este grande espaço que existe em mim, para tudo o que és.



Gosto de colar a minha pele na tua, de me perder e não saber o caminho de volta. O sabor que me deixas na boca, o salgado do teu suor, da tua lágrima que guardei sem saberes. Vou dizer-te umas tolices ao ouvido, daquelas que só assim se podem dizer. Anda, vou apanhar-te no sonho, conduzir-te pelo meu corpo. Mais tarde conto-te outra coisa ao ouvido. Tu, que me vais chamar?

Isso mesmo, eu sei que sou.

sexta-feira, 12 de janeiro de 2007

São coisas... são coisas...

Quero outras coisas
Sem serem as tuas
As outras, noutras
Aquelas mais
Muito mais que todas
As coisas

Quero as minhas
Incertas, despidas, ao abandono
Quero o Aqui atrás das nuvens
Quero! A gula de mais querer
Querendo querer-te
Mais que qualquer coisa



São coisas, afins sintomáticos
Problemas sistemáticos, a negro
Pintados, em camuflagens duras
Crua, nua, intensa, a tua
Sentimento em luz, apontado ao meio de ti
Em derivação, navegação em círculos

Quero coisas
Sem serem as minhas
Estas, aqui nestas
E mais estas
Muito mais que coisas
As outras

quarta-feira, 10 de janeiro de 2007

Demência

Saberia ela o que estava a fazer? Começo por me perguntar, antes de tudo o resto. Eu próprio temia enfrentá-la naqueles momentos. Doce insanidade, mesmo que faseada, em doses ao longo do dia. Aquele esgar, no seu rosto de sonho. Sim, ela era tudo para mim, tinha-lhe medo.

Por vezes, conseguia entrar um pouco no seu espinhoso e impetuoso mundo imaginário. Estranho, sombrio, e opressivo. Contudo, sentia-me fascinado pela sua decadência insana. Que ser era aquele, ali deitado ao meu lado.

Toda ela era um delírio para os meus sentidos. Até na forma como tocava num simples interruptor da luz me apaixonava. Aquele seu gesto, o seu braço ondulante como ramagem verde de vida. O toque do seu indicador, e fazia-se luz.



Eu já não sabia como lidar com toda aquela situação. Era uma loucura atrás de outra, suportar a solidão em que se fechava a cada dia. Desesperava, sozinha em mim. Ele, resignado com tudo, prostrado, continuava impávido e sereno.

Os seus acessos cegos em escrita a meio da noite, na sua preferência por escrever deitado na cama. O único momento em que o sentia transfigurar-se por completo. Noite após noite, o incómodo resultante do ruído atroz da caneta no papel, arrepiava o meu fundo. Os seus pensamentos em voz alta, os seus murmúrios do fundo da gruta. Eu sentia uma certa loucura tomar-me, silenciada, no outro lado, sem ele.

Decidi alargar a minha visão, a forma de abraçar o mundo, de abordar a vida. Sentia uma inveja maior, enciumada de todas as personagens que emergiam da sua mente. Brotavam a cada momento que o desejava só para mim. A terrível sensação de sentir ciúme dele mesmo. Também queria ser uma, a única dele. Fora do seu controlo, tornei-me na temível, inesperada e indomável menina de doce olhar.



Envergonhava-me no meio das pessoas, quando me atacava de forma deliberada no meio da rua. Tanta vez que me perguntei a razão de súbita mudança. Pior mesmo era quando dizia encarnar a sua própria aberração. Surgia-me do escuro, de rosto vermelho, arrastando consigo uma carga de ruindade, tão imensa que me sentia um grão de areia numa ampulheta.

Ameaçava, torturava-me no seu riso de troça e posição autoritária. Eu, incapaz de lhe fazer qualquer tipo de mal, tentava em desespero surdo mas incapaz, encontrar uma resposta. Procurei por todas as minhas máscaras. Perdi-me.



Cheguei a pintar rosto e corpo. Era o meu grito de guerra em desespero. Ele, nem um grito, nem uma posição ofensiva, nem defensiva. Na sua perspectiva, talvez tivesse enlouquecido. A sua normalidade levava-me a ser pior.

Tudo o que pedia, era uma reacção da sua parte, à altura de todo aquele triste panorama. Queria o meu homem de volta, aquele que me tomara noutras alturas. Eu era sua, fazia-me tanta falta senti-lo, com força, bem fundo.

Apesar do inferno em que lhe tornei a vida, o mesmo inferno era para mim magoá-lo. Era incapaz de o deixar muito mal tratado. Desarmava-me toda a vez que me apreciava, na mais pequena coisa de mim. Excitava-me saber que me olhava, na sua serenidade fixante. Ficava nua aos seus olhos, mas não me procurava mais além.




Sim, ela era linda! Mesmo na sua dose desregulada, eu gostava de todo o seu papel. Por vezes, enquanto eu escrevia na cama, ela roía as unhas, de tal forma que me quebrava o raciocínio.

Deixei de ouvir música enquanto escrevia. Dizia-me que os meus tiques lhes causavam uma sensação estranha nas entranhas. Nunca cheguei a colocá-la à prova. Nunca cheguei a muita coisa, nem a compreender. Gostava demasiado dela para a contrariar, para me impor ou contradizer. Gostava dela, da forma que fosse. Na sua perspectiva, talvez eu fosse apenas um fraco, um falhado.


Magoava-me mais aquele seu encolher de ombros, que qualquer agressão física que me tivesse infligido. Eu queria! Não respondia a qualquer estímulo. A dor que me trespassava em agonia, quando me dizia no seu tom amorfo;

- Vá lá querida… acalma-te um pouquinho… vá lá…

Tamanha vontade de o fazer sangrar, de lhe abrir aquela cabeça ao meio. Apenas o queria de volta. Sangrava também eu, de ódio em fel.

Sentia-o perder-se no meio das suas folhas. Rascunhos por todo o lado, de todo os seus mais recônditos lugares, arrancados de si. Toda a sua vitalidade esvaziada no papel. Cada dia, mais sozinha, restava-me a condição de louca.




Magoava-me tanto, quando tentava imitar-me a escrever. Tingia os lençóis da cama com uma caneta de tinta vermelha. Ria-se, perdida de maldade. Afirmava que aquilo era o seu sangue derramado, de cada vez que eu acrescentava uma palavra mais à folha.

Senti-me definhar com o tempo, na já incerta vontade de explorar toda a minha veia. Não conseguia escrever como antes, nem uma única madrugada viciante. Perdi o fulgor, adormecia cedo e só já acordava de manhã.

Ela continuava linda, desde o primeiro dia em que a vi. Continuava na sua senda pelo seu mundo demente. Sentia-a bem longe de qualquer lugar. Eu e ela, ausentes.



Deparei-me diante de um homem apagado, daquilo que restava dele. Implodiu, esgotou aquela chama de paixão. Fechado em si, hermético e longe de mim, asfixiou.

Aquele homem que me cativara, pedia eu em clemência, que me respondesse. Todas as minhas crescentes provocações, em nada resultaram. Chorei todo o meu coração. Seria por falha minha, mas não sei onde. Porque desapareceu o homem que queria ao meu lado?


Hoje, sozinha, pinto o rosto de vermelho todas as noites. Aterrorizo-me, porque falhei. Homenageio todo o meu erro, pela minha incapacidade de o ter mantido vivo. Não consegui ser o seu alimento. Tudo o que queria era uma diferente perspectiva. Queria apenas que me tomasse. Não consegui.



Escassas são as notícias que tenho dela. Sei que voltou à normalidade, pelo menos dizem-me que o aparenta.

Vivo na minha própria sombra, sem qualquer motivo para acender a luz a meio da noite. Sou pedra sem uso, ainda sem ter batido no fundo. Mergulho lentamente na abissal solidão, na ausência da menina do rosto de sonho.

Numa certa perspectiva, apenas lhe toldei o espírito, levando-a à loucura. Degradei a sua beleza nos papéis que escrevia. Deixei de existir até nas folhas que me ocupavam o rosto das madrugadas perdidas.

Tenho saudades daquele seu ar de menina feliz. Denunciante de alma viva em espírito de prosa, era linda no seu sorriso, naquele toque especial que tanto me inspirava. Gostava de ter sabido comunicar-lhe quanto gostava dela. O dom da palavra para nada serviu. Apenas a queria escrevê-la em toda a frase. Não consegui.

sexta-feira, 5 de janeiro de 2007

| Plim! |



Porque hoje é...


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imagem: Marco Neves

quinta-feira, 4 de janeiro de 2007

Ego, Imperatore

Mais que meras palavras, quero essas tuas num tom menos melodioso. Quero mais que as gastas e polidas loiças em que te serves. Mais que qualquer sofrer de vestir a minha condena, quero a tua pedra sobre a minha. Mais que um rasgo na pele em que te falo, de tanto querer cair na vitória, é pisar este térreo desejo de me entregar ao chão que me há-de engolir.

Fui anulando a teoria de que mais nenhum ser existia em mim. Desvendando em cada segredo, um rosto antigo em que me reconhecia. Quando a folha estiver repleta, será. Assim acontecerá comigo, no seu devido tempo, proporcionado pela fé que me move.


Que me prenda num todo, sem nada deixar caído no esquecido. Que me valha mais do que as mil atenções. Assusta-me sentir a morte tão igual a todos, aos comuns. Tão depressa se instala, assim como o amor de uma mulher. Trago a cruz, a negro veludo.

Esse medo, ainda que me empate o caminho, resume-se a dedicar parte da ausência ao sofrer por amar. E quando se ama sofrendo na ausência de amar. Sofrendo-se por não ser amado, amando que se sofra pelo inimigo. Inimigo que sou, de mim.

Escrever linhas a fio, sem saber realmente para onde se encaminha todo este império. Poderia casar uma artéria minha a um vício maior. Recorrer à circunstância limite, tanta vez abdicando da própria sombra.


Pode o tempo decorrer por mais decanos manuscritos, perseguido pelo seu séquito de pensamentos vagos e incompletos. Poderei eu aguentar tanto assim como os próprios? Duvidosas solidões a que confio os momentos de fraquejo.

Faz-se na falta de uma outra luz, conspiradora e interesseira. Vis sepulturas a todos os que se julguem iguais, proferindo o meu nome em vão. Não me gastem em palavras fúteis, mesmo que sejam de auxílio. Clamem-me, porque eu digo que o façam! Nem a morte transformada em ouro bastaria para que valesse um dedo de mim.


O mundo, insuficiente, findando sempre no horizonte. Terreno agreste, grito saudoso de cada lágrima, suor e sangue. Acendalha viva em chama, minha batalha entre o Bem e o Mal. Impregnada a ligadura na tua saliva, não permite que me perca em pedaços que estou. No meu lugar, neste mesmo trono erguido à custa da minha escravidão, impero-me a reinar.