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segunda-feira, 31 de março de 2008

|P|erfume em tom |M|aior

De tanto a flor que sente
Sente e se sente assente
Acentua-se o pó no pólen
No ar que se respira e morre

E me inspira…

Não sei a quantas ando
Com quantas se nem tantas são
As mantas, travessas e travesseiros
Não sei, mas cheiro

E nem meio cheio fico…

À contraluz, ondulando a paisagem
Finda o dia em toque de brisa fria
É beijo, abraço que enlaço além mais
Mais que tudo, é um nada vazio de mim

E recomeço por onde sei…

Qual coração sem fórmula
Acção adicional, adicionada à mácula
Pouco se compadece a alma
Ao reencontro num caminho

E não me cruzo ao acaso…

Sem outros gestos distantes
Doce gosto pendido nos lábios
Rendidos, esquecidos, tramados
Não sei, mas sinto

E a espera estala em mim…

Enfatuado, crispado de manto azul
A velha guarda cravada na atenção
A olhar de outros olhos que nem ouso olhar
Passam no vagar necessário de mãos urdidas

E absolvo o pecado em labéu invertido…

Aquele rosto envolto em redondilhas de pranto
No beijo de uma viúva de boca enlutada
Pensar a lágrima caída, redonda, pesada
Beija a chuva o mar salgado, sendo o rosto a salina

E nada, mesmo que tudo fosse…

Os nadas de nada, nenhuns de nenhures
Rudes são as mãos que não esperam
Sujeitas à deriva da vontade
Maldito seja, eu e o meu nome

E respiro as laranjeiras em flor…

16 comentários:

Eme disse...

"Aquele rosto envolto em redondilhas de pranto
No beijo de uma viúva de boca enlutada
Pensar a lágrima caída, redonda, pesada
Beija a chuva o mar salgado, sendo o rosto a salina"

Tinha de ser. Gostei tanto.

Perfume em tom de [M]arco.

Maria Ostra disse...

Muito bom, este post.
Parabéns.
:)

Anónimo disse...

Gosto do cheiro das laranjeiras em flor, do mar salgado, a chuva que beija, gosto... do romantismo e dureza das tuas palavras.

gosto... de palavras sentidas, da paixão delas... seja onde fôr.

gosto da simplicidade...

não, as mãos que não esperam, não são rudes... são delicadas, estão cansadas...

bendito sejas tu e o teu nome :)


fui a tua primeira fã, e serei pra sempre :))

beijos migo!

Bé David disse...

|E assim me inspiras...

Que nem meio cheia fico

E recomeço por onde...nem sei

Porque contigo, não me cruzei ao acaso..

E a espera estala em mim...

e o nada...mesmo que tudo fosse..

é este respirar-te como

laranjeiras em flor!|

Inpiras-me e respiro-te...

Que belos és madrigalista... como és poeta e músico de palavras!

Poema me és! Sempre!!!

Blueminerva disse...

Que delicia é ler-te...
Um abraço

Anónimo disse...

um post musical,diria eu :)

Clap,Clap,Clap,Sr.Poeta!

un dress disse...

perco me em satie e já não posso

escrever mais

nada

senão laranjar me

seda

de flor

de cerejeira...




:)

eudesaltosaltos disse...

sbs q me irritas??? leio-te e dava-me vontade de te bater. fico a pensar: mas qd é q este gajo vai deixar de escrever coisas assim??? escrever mal, horrivelmente mal, q n de vontade alguma de ler e de enxovalha-lo???? :) bj

Enfim... disse...

um grande momento de inspiração :)

Beijinhos

Lady disse...

Adorei!
Laranjeiras em flor... desconheço o seu perfume...

Jinhos

nOgS disse...

Sublime!

E o perfume das laranjeiras em flor é dos mais belos que há.

Está um perfume raro este poema,
eu fechei os olhos e senti-o tmbém, sob a forma do perfume de cerejeiras em flor (é outro dos meus armoas de eleição).

Beijo terno

Anónimo disse...

Então que a tua flor encontre uma estação em que haja sempre flor.

Um beijo.

Sorrisos em Alta disse...

E só agora é que explicas como é que se faz, não é, meu sacaninha?

Fui, eu, à bruta, meter a narina na laranja....

ContorNUS disse...

Água doce...salgada... que tempera a vida

lamia disse...

Cuidado... Há 'atchins' que nos custam os pulmões. ;)

RC disse...

Pó len(to). Não o sacudas.

Xi.